O aquecimento global

 O efeito de estufa

A partir da década de 90 do século XX, as questões das alterações climáticas tornaram-se as preocupações ambientais dominantes, com especiual destaque para o aquecimento global.
O aquecimento global previsto baseia-se no chamado "efeito de estufa".

O efeito de estufa consiste na retenção do calor na baixa atmosfera por gases e partículas nela existentes, que funcionam como os vidros e uma estufa, ou seja: deixam entrar uma parte substancial da radiação solar ( radiação emitida pelo Sol) que, na maioria é absorvida pela superfície terrestre, sendo transformada em radiação calorífica (infravermelhos).

Esta radiação calorífica não consegue sair da baixa atmosfera, sendo de novo devolvida para a superfície da Terra contribuindo assim para o aquecimento da mesma.
Os chamados gases de esufa como o vapor de água, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, clorofluorocarbonetos (gases CFC) e ozono podem reflectir e/ou armazenar energia calorífica.
Fontes emissoras dos chamados gases de estufa:

Dióxido de carbono --> queima de petróleo, carvão e gás, desflorestação e destruição de solos;
Metano --> gado, biomassa, arrozais, escapes de gasolina, resíduos e exploração mineira;
Clorofluorocarbonetos (CFC) --> refrigeração, ar condicionado, aerossóis e espumas plásticas;
Óxido nitroso --> combustíveis fósseis, cultivos e desflorestação;
Ozono e outros --> fotoquímica, automóveis, etc.

Se por um lado existe um efeito de estufa natural muito importante para o nosso planeta que permite temperaturas relativamente amenas (se assim não fosse a temperatura média da Terra seria cerca de 33ºC mais baixa, o que tornaria improvável a existência de vida), por outro lado, poderemos afirmar que a presença de mais gases de estufa na atmosfera, particularmente de dióxido de carbono, provocará maior reflexão das radiações emitidas pela Terra (radiação terrestre), o que levará a um aumento da temperatura global do planeta.
É o reforço (por acção do ser humano) do chamado efeito de estufa.

De um modo geral, os países mais desenvolvidos são os que lançam para a atmosfera maior quantidade de dióxido de carbono. Deste conjunto de países destacam-se os seguintes:

1º. --> Países altamente industrializados com elevadas emissões de dióxido de carbono (CO2): Estados Unidos da Améria, Canadá, Alemanha e Reino Unido.

2º. --> Países industrializados, com elevadas emissões de CO2, resultantes de indústrias muito obsoletas e/ou tecnologias ultrapassadas: Federação Russa, China, Índia e países da Europa Central.

3º. --> Países com elevado nível de desenvolvimento e com menor emissão de CO2, em consequência das boas práticas ambientais, da inovação tecnológica e da maior aposta em energias alternativas: Noruega, Finlândia e Suécia.

4º. --> Países em vias de desenvolvimento com fracos índices de emissão de CO2, devido à sua fraca industrialização. Neste conjunto de países deverá ser feita, num futuro próximo, uma aposta que lhes permita uma industrialização ambientalmente mais correcta, por forma que não sejam o "armazém" das máquinas obsoletas dos países mais ricos.

No entanto, muitos outros factores poderão igualmente contribuir para o aumento da temperatura global do planeta.
Os ciclos solares poderão ser uma das possíveis causas. Independentemente das causas, é um facto que a temperatura, ao longo do último século e meio, tem vindo a aumentar a um ritmo deveras preocupante para o futuro.

Na realidade, o que mais preocupa a comunidade científica não é o facto de se estar a registar uma mudança da temperatura, mas sim a rapidez com que esta ocorre.
É perfeitamente verosímil que a temperatura do planeta aumente ao longo do século XXI, em consequência das diversas actividades humanas.

Apesar do consenso mundial, existe ainda uma longa discussão acerca do grau de interferência das diversas causas (naturais ou humanas), da rapidez com que este aumento ocorre, dos efeitos nos seres humanos e nos ecossistemas e da forma como todos poderemos responder a esta ameaça global.
No que respeita ao que poderemos fazer perante a complexa ameaça do aquecimento global existem três formas de pensar e agir no seio dos governos com capacidades para tal.

A primeira forma, define-se por "mais pesquisa antes de actuar". Esta é a actual posição do governo dos Estados Unidos da América.

A segunda forma define-se por "actuar já" na redução dos riscos inerentes à mudança climática, induzidos pelo aquecimento global. Esta é a posição dos países da União Europeia.

A terceira forma apresenta-se como "actuar já como parte integrante de uma estratégia de não arrependimento". Os países defensores desta tese de pensamento são de opinião que devemos avançar já com acções que atrasem o aquecimento global, mesmo que essa ameaça não se materialize.

As várias soluções que poderão contribuir para o abrandamento do aquecimento global passa por três grandes estratégias:
--> melhorar a eficiência energética reduzindo o uso de combustíveis fósseis;
--> utilizar os recursos energéticos renováveis;

--> fixar ou armazenar a maior quantidade possível de dióxido de carbono no solo, na vegetação, no subsolo e nas áreas mais profundas dos oceanos.
Não existe qualquer espécie de dúvida que se quisermos minimizar o aumento de temperatura teremos todos de reduzir as emissões dos gases de estufa, especialmente o dióxido de carbono.

Este tem sido o tema essencial do Protocolo de Quioto, estabelecido na COP-3 (conferências das partes), no Japão, em Dezembro de 1997. Foi a primeira tentativa de alcançar um acordo para a redução das emissões de CO2.
Nessa reunião internacional ficou decidido que os "Países do Anexo I" (37 países dos mais industrializados do mundo) deveriam assegurar que as suas emissões de CO2 não excederiam a cota que lhes havia sido atribuída, tendo em vista a redução das emissões totais desses gases em pelo menos 5% abaixo dos níveis observados em 1990, no período de compromisso de 2008-2012 (Protocolo de Quioto, artigo 3º.).

Apesar de estabelecido em 1997, o protocolo só entrou em vigor em Fevereiro de 2005, após a Rússia o ter ratificado.
A implementação deste protocolo não significa que o aquecimento global seja inteiramente evitado.
Acrescente-se, ainda, que o protocolo não impõs quaisquer limites às emissões dos países em desenvolvimento.
Portanto, temos todos de entender o Protocolo de Quioto como um primeiro passo. Ele terá de ser encarado como uma de muitas decisões futuras necessárias para a solução do aquecimento global.
Porém, muitas vezes, o interesse económico nacional sobrepõe-se ao bem-estar global.

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